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CONTOS

ESCRITORES DE CONTOS PARA A INFÂNCIA
Charles Perrault, Irmãos Grimm e Andersen


Charles Perrault

Era uma vez um monte de histórias que existiam há muitos anos e que eram contadas de pai para filho. Um dia, por volta do século XVII, um francês chamado Charles Perrault ouviu essas histórias e resolveu escrevê-las. Graças a ele, até hoje todo mundo conhece Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, A Bela Adormecida e tantos outros personagens clássicos.

Charles Perrault nasceu em Paris, em 12 de janeiro de 1628. Célebre por dois fatos principais: a participação que teve na Querela dos Antigos e Modernos, como supremo campeão destes últimos, e a autoria, em 1697, dos contos de fadas que imortalizaram o seu nome (Contes de ma mère l’Oye, conhecidos em português como Contos da Carochinha). Obtendo desde logo o maior êxito, esses contos foram traduzidos para quase todos os idiomas e passaram a dominar o universo maravilhoso das crianças: A Bela Adormecida no Bosque, Chapeuzinho Vermelho, O Barba-azul, A Gata Borralheira, As Botas de Sete Léguas e tantos outros que estão definitivamente integrados no folclore infantil. Era o filho caçula de uma família importante; seu pai e seus quatro irmãos pertenciam à corte do rei da França, Luís XIV.

Foi durante a Querela que Perrault redigiu os seus contos para crianças, publicados com títulos diferentes: Histórias ou Contos do tempo passado e Contes de ma mère l’Oye. Perrault d’Arma-Court tinha, na ocasião, dez anos de idade. O mérito do escritor foi ter fixado numa forma simples e elegante os contos tradicionais e anônimos da memória popular. O real e o maravilhoso harmonizam-se de maneira perfeita, refletindo, em seus contos, as concepções romanescas do século XVII.

Perrault foi denominado Homero Burguês, pela propriedade com que retratou a sociedade de sua época a partir da metamorfose de certos símbolos dos contos populares. Seu trabalho consistiu em transformar os monstros e animais — aos quais os camponeses atribuíam poderes mágicos — em fadas.

Em sua vasta obra, A Gata Borralheira é o símbolo do personagem humilhado e maltratado. O Gato-de-botas é o pícaro a tirar proveito da corrupção social. O Pequeno Polegar é o anão astuto que vence gigantes bobos. Ou seja, seus personagens se armam com os atributos da inteligência e da perspicácia para vencer a força bruta: o poderoso opressor.

Perrault foi responsável pela introdução dos desprivilegiados nos salões, em contos cujas personagens são as mais estereotipadas: a madrasta, o lobo e os irmãos mais velhos são sempre maus. Os fortes e poderosos são de nítida descendência canibalesca, de devoração dos mais fracos.

Charles Perrault utiliza o confronto dualista entre bons e maus, belos e feios, fracos e fortes, como exercício de crítica à corte. Não raro, os personagens que representam as classes discriminadas se tornam superiores à nobreza pela inteligência.

Merece especial relevância no universo da literatura infantil por adaptar contos do indo-europeu, estabelecendo um modelo de conto de fada que foi seguido por diversos autores.

Dos sucessores que teve, poucos atingiram a sua perfeição e qualidade.

Foi um ótimo estudante. Serviu ao rei como advogado, arquiteto e inspetor de obras públicas. Foi eleito membro da Academia Francesa, pela sua produção literária, em 1671. Dedicou seus últimos anos aos seus escritos e à educação dos filhos. Publicou os primeiros trabalhos em 1691. Morreu em 1703, em Paris.



Irmãos Grimm

No início do século XIX, dois irmãos apaixonados por contos de fadas tiveram a mesma idéia de Perrault e saíram por aí pesquisando fábulas e adaptando-as à literatura infantil. Foram os irmãos Grimm que revelaram ao mundo personagens como Branca de Neve, Rapunzel e João e Maria.

Jacob e Wilhelm Grimm, os irmãos Grimm, nasceram na localidade alemã de Hanau. Jacob, o segundo de uma família de nove filhos, nasceu em 1785, e Wilhelm, um ano depois. Com a morte do pai, em 1798, ambos foram morar na casa de uma tia, na cidade de Kassel (Alemanha), onde terminaram os estudos secundários e iniciaram o curso de Direito.

Por volta de 1806, tiveram acesso a uma coletânea de poesias populares, que leram com grande interesse. Entusiasmados pela ingenuidade daqueles poemas, que foram transmitidos oralmente de geração a geração, começaram a reunir e a escrever os contos tradicionais narrados nos serões familiares, em uma época em que isso era muito comum, porque não existia outra diversão. Em 1812, publicaram uma primeira coletânea com 86 contos, seguida, dois anos depois, por uma outra, que reunia mais setenta contos. Para reunir as histórias, os dois irmãos percorreram a Alemanha conversando com muitas pessoas.

Em 1825, Wilhelm se casou com Henriette.

Dorothea, casada com um alfaiate em Kassel, encontrou os Grimm — 

então bibliotecários da cidade — numa feira onde fora levar uma 
cesta de verduras. E Wilhelm e Jacob, percebendo o quanto ela 
sabia das histórias populares — ouvidas na cervejaria do pai,
 quando criança — passaram a convidá-la semanalmente, nos 
dias de feira, à sua casa, recolhendo, assim, os quase 220 contos
 de seu livro, cujas edições, em 140 línguas, somam mais de trinta 
milhões de exemplares.

Nessa época, os artistas e intelectuais europeus buscavam 

recuperar as tradições dos diferentes povos, afastando-se dos cânone
s clássicos gregos e latinos. Além disso, a descoberta de que a maioria
 das línguas da Europa derivava de uma antiga língua comum, chamad
a indo-europeu, fez com que o interesse pelos idiomas não-latinos, como
 o alemão e o polonês, aumentasse. No caso dos irmãos Grimm, foi
 o interesse pela tradição oral que os levou a estudar com profundidade
 a língua alemã e as suas origens.

Os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, filólogos e folcloristas, 

são considerados, o primeiro, como o criador da modern
a filologia germânica, e o segundo, como o fundador do
 folclore moderno. Jacob é responsável, também, por uma
 das primeiras traduções para a língua alemã da Edda Poética
. O legado deixado por eles é importantíssimo 
para a preservação e o estudo da mitologia germânica. 
 Ambos faleceram em Berlim; Wilhelm em 1859 e Jacob em 1863.



Andersen

Tal como fizeram os irmãos Grimm, Andersen foi um escritor 

que se preocupou, essencialmente, com a sensibilidade 
exaltada pelo Romantismo. Com seu extraordinário
 talento para criar encantadores contos infantis,
 conquistou reconhecimento mundial e estimulou 
a imaginação de um sem-número de crianças e adultos.

Hans Christian Andersen, que Paul Hagard considera 

como “o príncipe dos escritores da infância”, 
 nasceu na cidade dinamarquesa de Odense, 
em 2 de abril de 1805. Era o único filho 


de um modesto sapateiro, que costumava lhe
 narrar antigos contos populares, e de uma lavadeira.
 Menino sensível, preferia entreter-se sozinho 
e inventar histórias a brincar com outras crianças.
 Como vinha de uma família pobre,
 Andersen não teve instrução, mas isso não o impediu
 de vir a freqüentar os salões de aristocratas e reis.
 Como o pequeno Hans gostava muito de histórias
, o pai construiu um teatro de marionetes 
para que ele pudesse representar.
 Quando tinha onze anos, seu pai morreu
 e o deixou nas mãos de três mulheres que não poderiam
 lhe servir de exemplo: uma avó “seca e rude”, uma mã
e alcoólatra e uma irmã prostituta. As dificuldades financeiras
 forçaram-no a tentar um ofício, mas sua índole introspectiva 
e delicada tornava-o alvo de zombaria entre os colegas.

Aos catorze anos, mesmo com tão pouca experiência teatral, 

Andersen empreendeu a grande aventura da sua vida: partiu
 sozinho para Copenhague, disposto a triunfar como actor 
e cantor nos palcos da capital. Porém, como a sua aventura 
não deu muito certo, teve de voltar para a escola para terminar
 os estudos. Tinha dezessete anos e compartilhava as aulas
 com crianças muito mais novas do que ele.
 As contínuas piadas de que foi vítima naquela época 
serviram-lhe de inspiração para escrever o conto O Patinho Feio.

Desiludido com sua experiência teatral, decidiu tentar a sorte com a literatura

. Em 1827, publicou os seus primeiros poemas, atraindo a atenção de Jona
s Collins, diretor do Teatro Real de Copenhague, que lhe financiou
 os estudos na Universidade de Copenhague.

Andersen viveu a época do Romantismo, durante a qual músicos e escritore

s abandonaram os cânones e os temas clássicos universais e começaram
 a buscar inspiração na Idade Média, nas tradições populares
 e na cultura própria de cada nação. Andersen era admirador 
dos grandes românticos alemães, como Goethe e Schiller, 
e, das suas longas viagens pela Alemanha,
 França, Itália, Grécia, Turquia e Inglaterra
 (onde se tornou amigo do grande escritor Charles Dickens
), obteve material para os seus maravilhosos contos.
 Também fazia anotações em diários, que lhe serviram
 para escrever interessantes livros de viagens 
que tiveram muito sucesso na época.

Andersen teve uma vida solitária.

 Nunca se casou, 
mas sabe-se que foi apaixonado
 por uma cantora de ópera sueca 
chamada Jenny Lind
. Maravilhado com o seu talento e a sua voz
, dedicou-lhe o belo conto O Rouxinol do Imperador.
 Mesmo tendo partido em 4 de agosto de 1875, 
Andersen deixou mais de uma centena de reinos
 encantados, onde, ainda hoje, brincam felizes
 crianças de todo o mundo.

É considerado o precursor

 da literatura infantil mundial.
 Em função da data de seu nascimento,
 comemora-se,
 em 2 de abril, o Dia Internacional do Livro Infanto-juvenil.










A história da carochinha
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                                                            A história da carochinha



Era uma vez carochinha, que encontrou cinco réis enquanto varria a cozinha.
Com o dinheiro, foi comprar uns brincos, um colar e um anel, pôs-se à janela e perguntou?
      - Quem quer casar comigo?
Passou um burro e respondeu:
      - Quero eu! - Como te chamas?
     - Chamo-me im om, im om, im om.
     - Eu não gosto de ti porque tens uma voz muito feia.
A carochinha voltou a perguntar:
    - Quem quer casar comigo? 
Passou um cão e respondeu:
    - Quero eu! - Como te chamas?
    - Ão, ão, ão.
    - Eu não gosto de ti porque tens uma voz muito grossa.
A carochinha voltou a perguntar:
    - Quem quer casar comigo?
Passou um gato e respondeu:
    - Quero eu! - Como te chamas?
    - Miau, miau, miau.
   - Eu não gosto de ti porque tens uma voz muito fina.
A carochinha voltou a perguntar:
   - Quem quer casar comigo?
Passou um rato e respondeu:
   - Quero eu! - Como te chamas?
   - Chamo-me João Ratão.
   - Tu sim, tens uma voz bonita, quero casar contigo.
A carochinha e o João Ratão casaram e foram muito felizes.
Porém, certo dia, a carochinha, que tinha o almoço ao lume, 
disse ao João Ratão que estava na hora de ir à missa. O João Ratão
, com o cheirinho da comida que ia pela casa e que era muito guloso,
 disse que não podia ir porque se sentia adoentado.
A carochinha, , pediu-lhe então que não destapasse nem 
mexesse no caldeirão.
Claro que o João Ratão que outra coisa não queria ouvir.
 Depois da carochinha sair, logo o maroto 
do João Ratão foi destapar, para poder espreita
r para dentro do caldeirão.
Espreitou, espreitou e trum, deu um grande
 trambolhão e caiu no caldeirão. Quando a carochinha 
chegou, procurou, procurou o João Ratão mas não o encontrou.
Muito aflita, a carochinha entrou na cozinha,
 descobriu o João Ratão caído no caldeirão e disse:
   - Ai o meu João Ratão, que caiu no caldeirão!
 Ai o meu João Ratão que morreu frito e assado no caldeirão!

Contos populares





AS SETE MARAVILHAS DO MUNDO
     Um grupo de estudantes estudava as sete maravilhas do mundo. No final da aula, lhes foi pedido que fizessem uma lista do que consideravam as sete maravilhas. Embora houvesse algum desacordo, prevaleceram os votos:
                   
1) O Taj Mahal   
2) A Muralha da China   
3) O Canal do Panamá       
4) As Pirâmides do Egito
5) O Grand Canyon           
6) O Empire State Building         
7) A Basílica de São Pedro
   
      Ao recolher os votos, o professor notou uma estudante muito quieta. A menina ainda não tinha virado sua folha. O professor, então, perguntou à ela se tinha problemas com sua lista.

      Meio encabulada, a menina respondeu: — Sim, um pouco. Eu não consigo fazer a lista, porque são muitas as maravilhas.
    
      O professor disse: — Bem, diga-nos o que você já tem e talvez nós possamos ajudá-la.

     A menina hesitou um pouco, então leu: — Eu penso que as sete maravilhas do mundo sejam:

1 — VER    
2 — OUVIR    
3 — TOCAR      
4 — PROVAR      
5 — SENTIR
6 — PENSAR    
7 — COMPREENDER


Vivia no monte um homem muito velho que tinha na sua companhia um neto. Certodia o velho resolveu descer ao povoado com o seu burro fazendo-se acompanhar doneto. Seguiam a pé, o velho à frente seguido do burro e atrás o neto. Ao passarem poruma povoação logo foram criticados pelos que observavam a sua passagem:
- Olhem aqueles patetas, ali com um burro e vão a pé.
O velho disse ao neto que se montasse no burro e este assim fez. Um pouco mais
adiante passaram junto de outras pessoas que logo opinaram:
- O garoto que é forte montado no burro e o velho, coitado, é que vai a pé.
Então o velho mandou apear o neto e montou ele no burro. Andaram um pouco mais
até que encontraram novo grupo de pessoas e mais uma vez foram censurados:
- Olhem para isto. A pobre criança a pé e ele repimpado no burro.
Ordenou então o velho ao neto:
- Sobe rapaz, seguimos os dois montados no burro.
O rapaz obedeceu de imediato e continuaram a viagem mas um pouco mais adiante
um grupo de pessoas enfrentou-os com indignação:
- Apeiem-se homens cruéis, querem matar o burrinho?!
Descendo do burro, disse o velho ao rapaz:
- Desce. Continuamos a viagem como começamos. Está visto que não podemos
calar a boca ao mundo